Há cerca de um mês, dei início ao que espero que seja uma longa e rica série de conteúdos sobre o perfil do profissional da inovação. Se você perdeu o começo dessa jornada, recomendo fortemente conferir o texto abaixo, que, modéstia à parte, está excelente!
Vale lembrar que estou me baseando no perfil "T-Shape da Inovação", resultado de um estudo do Hub FIEMG Lab. Esse framework apresenta três grandes áreas de especialização para profissionais de inovação:
1️⃣Cultura e Sensibilização para Inovação
Essa área é um dos pilares para o sucesso da inovação. O objetivo é preparar as pessoas para lidar com incertezas, identificar oportunidades e construir um ambiente favorável às iniciativas inovadoras. Para isso, habilidades como facilitação de métodos e storytelling são fundamentais.
2️⃣Execução da Inovação
Aqui, as ideias ganham forma. O foco está em mobilizar equipes, engajar pessoas e transformar projetos em realidade, fortalecendo o ecossistema de inovação. Gestão de projetos, resolução de problemas e gestão de comunidades são competências essenciais para quem atua nessa frente.
3️⃣Recursos, Investimento e Novos Negócios
Essa área garante os recursos e o suporte necessário para impulsionar a inovação. Seja captando recursos, promovendo investimentos ou desenvolvendo novos negócios, as habilidades de captação de recursos, Corporate Venture Capital (CVC) e Corporate Venture Building (CVB) são indispensáveis.
Agora que relembramos esses fundamentos, estamos prontos para seguir com o conteúdo do dia!
“Ei Yaankha, qual o tema de hoje?”
Hoje vamos nos aprofundar um pouco mais na primeira grande área: “Cultura e Sensibilização para Inovação”. O foco será na “Facilitação de Métodos”, com o tema “Modelos de Negócios e Proposta de Valor”.
“Yaankha, explica esse tema direito!”
De acordo com o estudo, o conhecimento sobre “Modelos de Negócios e Proposta de Valor” envolve: “A compreensão dos diferentes tipos de modelos de negócios e de técnicas e ferramentas que apoiem na definição de soluções a serem desenvolvidas, como serão disponibilizadas aos clientes e como irão prover retorno à organização, identificando os segmentos de atuação e suas características”.
Com essa definição, talvez você já tenha notado que os conhecimentos se complementam e, às vezes, se sobrepõem. Por exemplo, na última edição desta série, apresentei o Business Model Canvas como um framework visual que ajuda a descrever, visualizar e analisar modelos de negócios em uma única página.
Aqui, imagine que estamos percorrendo uma espiral: em alguns momentos revisitamos conceitos, mas sob novas perspectivas e com conhecimentos adicionais. Assim, construímos um entendimento mais robusto e nos tornamos profissionais da inovação cada vez mais preparados para atuar.
“Yaankha, mas eu preciso que você volte para o básico. O que é Modelo de negócio?”
De acordo com o Sebrae, modelo de negócio é a forma como uma empresa cria, entrega e captura valor. Em outras palavras, é o plano estratégico que define como o negócio funciona.
Se você acompanha meus conteúdos, já sabe que o Business Model Canvas é uma ferramenta prática que facilita a descrição, visualização e análise de modelos de negócios.
Muito provavelmente você também já sabe que o livro “Business Model Generation”, de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur, é frequentemente recomendado para quem deseja estudar mais sobre o tema. Fica aqui, mais uma vez, a minha recomendação!
“Beleza, Yaankha! Agora me explica o que é “Proposta de Valor”.
Segundo trecho do livro “Business Model Generation”, “a Proposta de Valor é o motivo pelo qual os clientes escolhem uma empresa ou outra”. Em outras palavras, trata-se da promessa de um benefício único que a empresa oferece ao seu público-alvo.
Para quem deseja se aprofundar, eu recomendo a leitura do livro “Value Proposition Design”, de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur. Ele apresenta o Canvas de Proposta de Valor, uma ferramenta essencial para visualizar o alinhamento entre produto/serviço e mercado (Product-Market Fit).
“Pronto, Yaankha, agora podemos avançar!”
Agora que alinhamento o que é modelo de negócio, o que é proposta de valor e conhecemos as melhores ferramentas para apoiar a construção desses conceitos, podemos avançar e explorar os padrões.
“Padrão, na arquitetura, é a ideia de capturar ideias do design arquitetônico como descrições arquetípicas e reutilizáveis” (Christopher Alexander)
Em “Business Model Generation”, Osterwalder nos apresenta cinco modelos de negócios padrões com o objetivo de inspirar a construção do modelo de negócio do trabalho de quem o lê. No entanto, existem muitos outros padrões além dos que foram destacados no livro! Você pode estudá-los em materiais como a Biblioteca da Strategyzer, no Blog da Serasa ou no próprio Chat GPT.
Quando falamos de padrões neste contexto, nos referimos a formatos identificados com base em práticas bem-sucedidas e inovadoras adotadas por empresas ao longo do tempo. Isso não significa que não existam outros modelos ou que novos não possam ser desenvolvidos.
Dito isso, vamos conhecer os tipos de modelos de negócios mais famosos (na minha visão):
1️⃣Freemium
O modelo Freemium é um dos tipos de “Grátis como Modelo de Negócio”, onde observamos uma grande base de usuários se beneficiando de uma oferta gratuita na versão básica da solução. Nesse caso, apenas uma pequena parcela paga pelos recursos “premium”.
Um ótimo exemplo desse modelo é o Spotify.
2️⃣Isca e Anzol
Também conhecido como “Barbeador e Lâminas”, o modelo Isca e Anzol oferece um produto básico a um preço baixo (ou gratuito), cobrando pelos itens complementares ou de reposição.
Esse modelo foi popularizado pelo King Gillete, inventor da lâmina de barbear descartável. Em 1904, barbeadores eram vendidos com desconto ou como brindes, enquanto as lâminas descartáveis tinham custo mais alto e maior demanda. Até hoje Gillete é a marca mais famosa do setor.
3️⃣Licenciamento
No universo das startups de deep techs, o Licenciamento é amplamente adotado. Ele envolve a transação de propriedades intelectuais (PI), como patentes, por meio de contratos em que o licenciante concede ao licenciado o direito de usar, produzir ou comercializar a tecnologia em troca de compensação financeira.
Um dos casos mais famosos é o da Eli Lilly, que licenciou o processo de produção de insulina recombinante da Genentech nos anos 80, permitindo a fabricação de insulina humana sintética em larga escala.
4️⃣ Cauda Longa
O modelo Cauda Longa oferecem um grande número de produtos para atender diversos nichos de mercado. Embora dada produto tenha uma baixa demanda individual, a venda de muitos itens é tão lucrativa quanto um modelo tradicional.
A Amazon é um ótimo exemplo deste modelo de negócio!
5️⃣ Modelos de Negócios Abertos
Comumente chamado no ecossistema de inovação como “Inovação Aberta”, esses modelos envolvem a abertura do processo de P&D de uma organização para grupos externos. Há duas abordagens principais:
De fora pra dentro: ocorre quando uma organização traz ideias, tecnologias ou propriedades intelectuais externas para seus processos de P&D e comercialização.
De dentro pra fora: ocorre quando uma organização licencia ou vende sua propriedade intelectual ou tecnologia.
O Lab Vendas, programa de matchmaking em que atuo, facilita esse tipo de modelo ao conectar grandes corporações e startups científicas.
Resumindo…
Nesta edição, exploramos o conhecimento sobre modelos de negócios e proposta de valor, áreas fundamentais dentro da “Cultura e Sensibilização para Inovação”. Abordamos conceitos básicos, como o que é um modelo de negócio e uma proposta de valor, além das principais ferramentas para estruturá-los, como o Business Model Canvas e o Canvas de Proposta de Valor.
Avançamos para a compreensão de padrões de modelos de negócios, que servem como inspiração para desenvolver estratégias eficazes e inovadoras. Com isso, seguimos aprofundando nosso conhecimento para nos tornarmos profissionais mais preparados para atuar no ecossistema de inovação.
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